segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Descoberta refrescante (ou a Pharmacie de la Mairie)

Numa recente viagem familiar a Paris (um pouco menos recente do que o recentíssimo último post deste blog) oferecida pelas irmãs maravilha, A Muito Pipi e a Extremamente Roberta, grandes aventuras foram vividas. O post de hoje, porque este é um blog Muito abandonado Pipi, dedicar-se-á a uma grande descoberta do mundo da beleza.
Na minha lista de prioridades, em estreita competição com uma boa e recheada visita ao Éclair de Génie, estava um passeio descontraído mas muito profissional por uma das estrondosas farmácias Parisienses.
Por razões da esfera do "não quero não desejo e não gostarei de ser esfregada contra a minha vontade em produtos e em visitantes", decidi evitar a conhecida Citypharma e entregar a minha alma a outros locais de culto.
Depois de uma dedicada pesquisa poliglota, e entre muitas outras fortes concorrentes, a Pharmacie des Archives foi a escolhida. As razões? Excelentes críticas, acesas referências a promoções maravilha e proximidade à minha habitação parisiense.
E foi assim que, num dia de chuva louca, daquelas que entram em malas de viagem fechadas e obrigam à entrega de roupa já usada a máquinas de secar, eu e a minha fiel escudeira Roberta, decidimos aventurar-nos por poças passíveis de se transformar em cosmopolitas tsunamis. Lá fomos nós, de laguinho em laguinho, em saltitamentos interiores de entusiasmo e arrepios exteriores de frio, dada a conjugação do estado das nossas vestes com as condições atmosféricas da capital francesa.
Imparáveis, chegámos à farmácia dos sonhos. E lá estava ela, linda e brilhante, em todo o seu esplendor. Tal qual a imaginava. Lá dentro um manancial de emoções a preços tão refrescantes como a chuva parisiense nos nossos pés. Não havia um arraial de promoções, mas na verdade a magia era tanta que nada mais interessava. O único obstáculo entre mim e tudo o que, sentia, já era meu por direito? Montras fechadas.
Passado o terror inicial de não poder ler rótulos, meter as mãos na massa e cheirar todos os meus mais recentes amiguinhos, a experiência revelou-se deliciosa. Não sei se pelo nível do gasto ou simplesmente pela simpatia dos funcionários, eu e Roberta fomos brindadas com vários presentes, entre os quais um saco térmico azulão, um champô da René Furterer de tamanho grande, uma água micelar da Bioderma de 250ml e mais um conjuntão de miniaturas. Foi muita emoção. Muito amor!
Saímos da farmácia e o sol havia substituído a chuva, como que numa homenagem ao nosso pote de ouro belezístico. E nisto olhei para a esquerda. E vi o inimaginável: a Pharmacie des Archives! Olhei para a direita: a Pharmacie de la Mairie. Horror dos horrores! A Muito Pipi, numa ansiedade de escapar aos terrores da chuva parisiense para mergulhar no mar dourado das marcas francesas, havia entrado na primeira farmácia que vislumbrou na Rue des Archives. Ao invés do número 9, foi no número 2 que tudo aconteceu.
Fiquei inconformada. Não podia ser. Depois de tanta pesquisa tinha feito as minhas compras na farmácia errada?! Nãããããããoooooo! A passo apressado movi-me para a Pharmacie des Archives arrastando Roberta e decidida a continuar as minhas compras, custasse o que custasse. Lá dentro uma farmácia cheia de promoções e com tudo à mão de semear. Mas para meu espanto, o aspecto, a selecção de produtos e a tabela de preços eram bem menos entusiasmantes do que os da Pharmacie de la Mairie. Alívio! O erro Pipiano afinal mais não era do que um estrondoso sucesso! E foi assim que, sem mais compras farmacêuticas, me movi pesada mas feliz, rumo à Sephora da Avenue des Champs-Élysées.
Não me entendam mal fofuras, ambos os estabelecimentos valem muito uma visita. Ambos estão num nível incomparavelmente superior ao das farmácias portuguesas no que a produtos franceses diz respeito. Simplesmente a Pharmacie de la Mairie é uma senhora elegantemente introvertida, cujo aspecto requintado esconde uma grande generosidade, enquanto que a Pharmacie des Archives é uma contagiante e extrovertida jovem, sem paciência para mistérios e cheia de amor para dar. Por questões de identificação, a primeira cumpre melhor o papel de Santa Farmácia Pipiana, mas ambas merecem muito um lugar no céu das melhores farmácia de Paris.







terça-feira, 24 de maio de 2016

Há muito muito tempo...

A Muito Pipi assistiu hoje a um dos vídeos mais interessantes de sempre. O tema: pensos higiénicos!
Pelo que se sabe as mulheres sempre viveram com esse demónio em forma de mar sangrento, ao qual algumas pessoas gostam de chamar menstruação. E por mais que o bárbaro visitante mensal seja conhecido e esperado, diz esta fêmea que vos escreve, que se há coisa que isto é é um incómodo que não se aguenta.
Míticas histórias de panos habilmente colocados na roupa interior feminina eram do meu conhecimento. Mas até hoje nunca havia parado para questionar o impacto da menstruação antes do advento de modernidades como pensos, tampões e copos menstruais.
Este vídeo leve e descomprometido fez-me pensar na saudosa definição da mulher como um ser inferior, limitado por regulares surpresas preparadas pelo seu corpo num caldeirão disfarçado de sistema reprodutor e incapaz de experienciar a vida como os homens. E em como um objecto tão pouco interessante como um penso higiénico moderno foi capaz soltar a mulherada numa multiplicidade de áreas.
Percebo agora bem melhor os rosto delirantes jorrando felicidade das protagonistas dos anúncios de pensos e tampões. Elas claramente fizeram esta reflexão muito antes de mim.

quarta-feira, 23 de março de 2016

Desapegos forçados

Quase 7 meses depois do último post a Muito Pipi voltou, como que saída de uma looonnnnga hibernação. Antes de voltar à programação normal, recheada de produtada maravilha, numa explosão de cores e texturas, um post tão rápido quão explicativo.
No fim do ano a Muito Pipi deslocou-se alegremente a Portugal para uma deliciosa visita. Esperava sol. Esperava temperaturas rebeldemente superiores às londrinas. Esperava loucura, emoção e surpresas. E pois que embora muito expectante, nada me poderia preparar para a realidade. Aproveitando a minha ausência estratégica, eis que Londres decidiu fazer uma festa. Primeiro na cave do meu prédio, depois no hall, passando carinhosamente pela escadaria principal e deixando o seu toque escaldante no meu apartamento.
E "há um incêndio". E "é pequeno!" E "não está nos apartamentos". Não! "E talvez seja melhor preparar-se uma acomodação temporária no regresso". E "talvez haja danos nos apartamentos". Sim! "E são grandes? São!"
E pois que foi isto. Ardeu todo um prédio, com o lar doce (e claramente quente) lar da Muito Pipi lá dentro. Arderam bens, presentes e recordações. Arderam paredes cheias de sorrisos, cheiros e sabores. Ardeu alguma segurança, um balde de estabilidade e muita alegria. E ardeu, assuma-se, também um pouquinho da alma da Muito Pipi. Porque claramente não era imortal, ardeu a grande maioria da colecção belezística desta que vos escreve, cremes, perfumes e maquiagem incluídos.
Por acasos da vida amiga, a Muito Pipi andava a banhar-se por Portugal aquando da chuva de chamas que pousou na sua habitação e por isso mesmo tinha consigo alguns dos seus items maquiantes favoritos. Aleluuuia! 
Posso dizer agora, vários meses depois que, passado (algum do) horror inicial da perda, voltou a ser entusiasmante ler, namorar e adquirir produtos. Vários meses depois é ainda interessante voltar ao básico e reaprender forçadamente a simplificar hábitos. Vários meses depois quero muito voltar a escrever e a tirar da Muito Pipi os fragmentos de cinza que ainda restam. Vários meses depois, acreditando (ai por favor sim!) que os meus novos amiguinhos belezísticos não serão consumidos por outra chama que não a da minha paixão, voltei para partilhar o que de Muito Pipi há em mim.